segunda-feira, 24 de agosto de 2015

C.H.

Amor é seu sorriso ao acordar
É beijo com gosto de feijão
É cafuné no sofá
Em um domingo morto.
Amor é aquela troca de olhares
Onde um entende, com clareza,
Que o outro está ali
E ali quer ficar.
Amor é rir das suas piadas
Que não tem a menor graça
(desculpa)
É você me abraçar enquanto cozinho
É você me segurar no ônibus cheio
E dizer que eu tô linda 5h da manhã.
A saudade agora, meu amor,
Resume-se no período entre
Eu te dar um beijo e dizer:
“Até daqui a pouco”
E o momento em que eu abro o portão
E sou recebida com o melhor abraço do mundo.
É querer que o tempo passe rápido
Pra eu te cheirar logo
Sentir aquele aperto no peito
Após nossa despedida diária
E aquele frio na barriga
No beijo de reencontro.
Contigo, aprendi a dividir os dias
O sabonete, o travesseiro.
A casa e os meus segredos.
Curamo-nos no beijo um do outro
E, hoje, somos tão felizes,
Que o resto, meu bem,
É apenas o resto.

Lola Candeias

quinta-feira, 16 de julho de 2015

Lapso de Saudade

Minha casa alagou
E, aquela foto sua,
- que ficava na cabeceira -
A água levou.

Poderia te ver tirar outra foto
Que me lembre o quanto é bom
Estar perto de você
(Talvez um dia desses
Quando eu tiver uma máquina nova)

Ou, quem sabe, vinte minutos
E uma pizza, correndo.
Só pra ver um pouco
Do seu sorriso, de perto
E lembrar o melhor
Que já tive de mim.

Vinícius Mello

quarta-feira, 1 de julho de 2015

Moço ♥

Um cara comprido
Do jeito misterioso 
Chegou devagar 
Meio despretensioso 

Me olhava de um jeito
 Que chamou minha atenção
 Me fez querer estar 
Em sua companhia, então.

Em uma noite qualquer 
Sentindo meu desejo 
Me envolveu em seu braço 
E me lascou um puta beijo.

Retribuí com gosto 
E fiquei chocada 
Por mais que eu quisesse 
De fato, eu não esperava.

Quando senti seu toque 
De todos, o mais delicioso 
Notei que, ali, nascia 
Algo completamente novo.

Senti algo incrível 
Quando eu deitei em seu peito 
Pensei comigo: “Puta que pariu 
Eu tô gostando desse sujeito!”.

Deste dia em diante 
Não quis longe dele estar 
Sabia que junto daquele moço 
Por muito tempo eu queria ficar.

E, hoje, mais do que nunca, 
Como já antes eu queria 
Meu amor, no teu colo 
Fiz-me inteira poesia

Lola Candeias

sexta-feira, 15 de maio de 2015

Esquadros de um amor a dois

Eu quero
Contigo me deitar
Teu pescoço cheirar
Do mundo gargalhar
Até o fim raiar.
Abrir os olhos e te ver
Na tua boca me perder
No teu corpo escorrer
Ouvindo o dia o amanhecer.
No teu colo subir
Na cama cair
E, depois de tanto amor,
nos teus braços dormir.

Lola Candeias

segunda-feira, 11 de maio de 2015

Fome

Descubro com meus dedos,
O que sua boca já conhece.
Arrepio, tremo, gozo.
Te encaro e você sorri
- já sabe o que fazer.
Você vem
Me pega
Me vira
Me engole.
Meu corpo é braile
Pros teus dedos cegos.
Você me tem na ponta da língua
Você me sabe de cor.

Lola Candeias

segunda-feira, 27 de abril de 2015

Alma de Pipa

Ela só quer viajar
Nos dias, na vida.
Gosta de conhecer outras praias
Mas, nelas, fica só de passagem
Se vai rápido,
Tal como maresia.
Prefere viajar em si
E mergulhar no seu
Mais profundo mar.
Alcançar estrelas que nadam
E deixar que as ondas
Se encarreguem do seu destino.
Ela é oceano,
Completamente pacífico.

Lola Candeias

sexta-feira, 13 de março de 2015

Minimalista

Pelo cheiro
Ou pelo gosto
Pelo traço
Ou pelo esboço
Continuo encantada
Pelos olhos
Daquele moço.

Lola Candeias

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Por favor, insista

Ele pediu pra ficar.
Pra eu ficar.
Neguei.
Fui questionada.
Respondi:
- Não se mexe em time que tá ganhando.
Ele disse que não havia time
E ninguém tava ganhando.
Corrigi:
- Não se mexe em coração que tá apanhando
Ou chorando
Ou se curando.
Ele entendeu a analogia
E, mesmo assim,
Pediu pra ficar.
Pra eu ficar.
E, eu, fiquei.

Lola Candeias

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Cheiro da Carne

E, sob a lua,
Na rua
Eu, nua
Crua
Tua
Senti teu eu
Seu
Tão meu.
No breu,
Não te via
Só sentia
Gemia
Queria
A tua cia
Até o raiar
- do dia.

Lola Candeias

quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Inventário

O cheiro do seu cheiro
Continua impregnado em mim.
O toque do seu toque
Ainda pode ser sentido
Pela minha nuca.
Seu gosto, sexo, olhar
Seu canto, ronco, riso
Todo seu eu
Ainda está aqui.
Já não consigo mais
Visualizar seu rosto
Sequer mencionar seu nome.
O que sobra na minha memória
São os avalassadores pormenores
Esperando com o que o tempo
Os levem de volta
Para onde nunca deveriam ter saído.

Lola Candeias

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Aqui Dentro

Usuária de excessos;
Amores
Álcool
Lágrimas .
Tinha sede de tudo
Tinha fome de todos
Apaixonada pelo tal do viver
Amante declarada das intensidades.
Vivia todos seus dias
E todas suas noites
Um por vez
De qual maneira?
Sempre quente,
Nunca morna.

Lola Candeias

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Lola por Tami

Era uma vez uma garota que tinha o apelido que caberia em qualquer gata, essa garota, gata, teimava em querer, querer de tudo, querer sem dó, querer demais e mal sabia ela que de tanto querer, de tanto criar vontades, se decepcionava.

Essa mesma garota ainda não notou por completo, que só se deve olhar pelos outros quando esses outros te olham de volta, é muito mais gostoso trocar olhares. Lola troca frases, textos, brinca de ser poesia,

Se olhou no espelho e descobriu o que eu já sábia. O espelho refletiu exatamente o que ela tanto queria.

Saiu de casa, sorriu pra vida e ganhou o mundo. Lola talvez não tenha notado ainda que o céu só tem limites para quem não sonha em ir á lua.

Pobre Lola, com todas suas lolices, não sabe da metade do que é capaz, não sabe o quão alto pode subir muito menos o quão longe pode chegar.

Hoje Lola ganhou um sorriso de volta, nescau e colo.

Tami Serra

segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

Altar Particular

Ela faz de seu corpo um templo,
Onde invoca seus deuses interiores
Meditando e concentrando
Apenas em si.
Tatua suas paredes,
A fim de decorá-las e avivar seu espaço.
Pinta suas janelas,
Para que possa enxergar o mundo
Como uma bela guerreira.
Deixa a suavidade das brisas secas
Penetrar e sair pelas portas.
Recebe visitas
- algumas tão íntimas, que quase viram inquilinas -
Sem o menor pudor ou receio.
Mas não permite que o visitem
Tão a fundo.
Ela diz que, o centro do templo,
É terra que ninguém vê.

Lola Candeias

sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

Imperecível

Eu podia ver, através dos olhares,
Todas as suas intenções.
O corpo dele se expressava em conjunto.
Seus olhos, mãos, boca,
Tão intensos
Conseguiam me dizer que eu era
Tudo o que ele desejava.
Beijos trôpegos, toques fortes
Todo o corpo dele se manifestava
Ante a minha presença.
E, nas curvas do meu corpo,
Ele se encaixou perfeitamente
Apenas sussurrando ao meu ouvido
O quanto queria estar ali.
Sua mão por trás de minha nuca
Mostrava-me toda sua vontade
De todo aquele tempo
Em que ele desejou que eu fosse sua
De todas aquelas vezes
Que ele me devorava com os olhos.
Assim, fez-se um novo amor.
Puro e simples
Com todas suas peculiaridades
E, até mesmo, falhas.
Mas nunca deixando de ser
O bom e velho.

Lola Candeias